NADA

No Santo Evangelho de hoje, Nosso Senhor manifesta aos judeus que, da parte dele, não faz nada, mas simplesmente faz o que o Pai o ensinou. E qual foi o ensinamento do Pai? Que lição aprendeu Jesus para fazer quando fosse "levantado", a lição de não fazer nada.
Não se trata de um fazer nada inconsequente, preguiçoso, mas simplesmente o abandonar-Se, o deixar que o Outro faça por ele.
No meio de sua Paixão, na versão da maior parte dos Evangelhos, o Senhor pouco fala e faz menos ainda, deixa-Se conduzir, abandona todo o seu poder e sua glória e permite-Se ser um joguete na mãos dos mais ímpios e covardes dos homens, deixando a ação para o Pai.
Só que aquele que ensina, primeiro pratica. E o Pai também não faz nada.
A Paixão de Cristo inaugura também um novo momento para a humanidade em que precisaremos conviver com o silêncio de Deus. Aquele Deus que assolou de pragas o Egito, abriu mares e fulminou quem tocou devotamente na Arca da Aliança, agora assiste todo o mistério da Paixão de Seu Divino Filho sem manifestar-Se.
E esse aparente ausentar-se de Deus, manifestado ainda mais numa das últimas palavras de Jesus, não é um convite a que sejamos nós a agir, mas que aprendamos também a nos abandonar.
Nem sempre há o que fazer.
Descobrir isso é um dos maiores bens que nos podem suceder. Porque através dessa descoberta somos convidados a nos abandonarmos nas mãos de Deus, que, se por um lado, nem sempre faz, sempre ama.
Cristo não era menos amado na Cruz do que na Ressurreição.
Nós também não somos menos amados nas provas do que nas vitórias. E somos mais vitoriosos quanto mais nos abandonamos nas mãos daquele que nem sempre faz, mas sempre ama.


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