MEIOS E FINS

Há 38 anos um paralítico deitado próximo à uma piscina milagrosa esperava o agito angélico da água para curar-se. Mas, entre ele e a piscina havia a necessidade de alguém que o levasse.
Faltava-lhe esse alguém e, por isso, faltava a piscina.
No caso do paralítico, a piscina era um fim, para o qual faltava um meio: alguém. Ele já se havia acostumado com essa falta, tanto que quando Nosso Senhor pergunta se ele quer ficar curado, ele já não responde sim ou não, mas pensa na piscina e na falta de alguém que o leve até ela.
Só que na verdade, a finalidade daquele homem era a cura. Jesus sabia disso. Ele não.
Depois de 38 anos ele talvez não pensasse mais na sua saúde restabelecida, mas na piscina e na falta de alguém que o levasse.
Queridos amigos, como seria bom que alguém o levasse e ele caísse na piscina agitada pelo anjo. Mas isso não aconteceu. E, propositalmente, Jesus o curou sem ninguém e sem piscina.
Todos nós na nossa vida temos desejos materiais e espirituais que estão ligados a certas circunstâncias, tais como trabalho, meios de transporte, e, de modo especialíssimo as nossas queridas celebrações litúrgicas. Especialmente para com essas últimas precisamos ter uma sempre crescente reverência e devoção. Mas o Senhor está acima delas e pode agir mesmo sem elas. Aprendemos na doutrina da Igreja que Deus que criou os sacramentos não se prende a eles para conceder-nos as suas graças. Assim, quando pensamos em perdão, vêm à nossa mente a confissão e se não nos é possível nos confessar corremos a tentação do desespero, somos como o paralítico, pensamos mais na confissão do que no perdão dos pecados...
Queridos amigos, hoje, apesar de toda solidariedade, podemos nos sentir em relação à Igreja como aquele paralítico e dizer que não temos ninguém. Como não!!!!
Quantos sacerdotes estão literalmente dando a sua vida nesse tempo, quantos estão celebrando diariamente a eucaristia em nossas intenções, quantos bispos estão dobrando seus joelhos diante de Jesus Eucaristia pedindo a sua misericórdia...
Temos muita gente!
E se não entramos na piscina, há um Cristo que vai além da piscina.
Que nele repouse nossa serenidade e confiança.

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