PERECENDO

O Salmo 121 proclama que "não dorme, nem cochila aquele que é o guarda de Israel!".
Sim. O Senhor não dorme. Dormir é uma necessidade humana, por causa do nosso corpo que necessita de algum tempo para restaurar suas forças. Por isso, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade só dormiu por assumir a nossa natureza humana e com ela um corpo que lhe possibilitasse morrer verdadeiramente por nós.
Mas ao assumir a condição humana, Cristo não deixou de ser Deus e de ser, portanto, o Senhor da natureza. A sua presença física, visível e com um rosto humano entre nós seria passageira. Mas a presença gerada pela pessoa dos sofredores, pela sua Palavra, pela vida de comunidade e, máxime, pela Eucaristia, essas durarão até o fim do mundo.
Ali, na tempestade, Cristo dormia.
Mas não deviam os discípulos saber que aquele que viam dormir, jamais dormia em seus próprios corações e que, por isso, eles mesmos não tinham o que temer, pois ter a fé, que gera a presença de Deus em nós é ter em nós também o seu poder?
Estamos perecendo.
Não te importa que estejamos perecendo?
Mais do que o vento e o mar bravio, o Senhor se importa com o desespero onde devia haver esperança, com o medo onde devia ter coragem, com o pânico onde havia reinar calmamente a paz.
Os discípulos pensavam no barco que afundava.
Mas se o barco não afundasse, afundariam eles, pelo peso que a descrença gera nas pessoas.
Eles viam, mas não acreditavam.
Viam a Presença, mas não tinham a Presença dentro deles.
E por isso afundavam.
O Senhor lhes reprova pela falta de fé.
Conta-se que quando um barco é agitado entre as procelas, deve-se jogar fora tudo o que não faz falta.
Muitas vezes nós nas tempestades da vida, quando temos que jogar fora alguma coisa, parece que a primeira da fila é a fé.
E sem a fé, só conseguimos tornar o barco mais pesado, a vida mais triste, a realidade mais dolorosa.
Há uma Presença em nós que não dorme, nem quando dormimos.
E nessa Presença, podemos tudo.

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