OFERENDAS

Há um pressuposto na doutrina da Igreja: todo ser humano nasce com o coração voltado para Deus. Há no coração humano um desejo de Deus. Nem todos tiveram contato com a mensagem de Jesus, e dos que tiveram nem todos a compreenderam, mas ainda esses continuam buscando Alguém que possa preencher seus corações. Mas o que todos compreendem é que diante do que é divino, há a necessidade de fazer uma oferta, não se pode ir de mãos vazias ao encontro do divino. Assim o vemos em todas as religiões e em todas as culturas.
Mesmo uma das religiões mais populares de hoje chamada "Shopping Center" traz esse contexto de oferta: compra-se, paga-se, consume-se para aplacar o ídolo das vitrines.
No cristianismo há fortemente essa idéia da oferenda, mas qual seria a diferença em relação às outras religiões?
Nas outras religiões há duas realidades em torno da oferenda: primeiro, a oferenda é destinada a divindade, segundo, ela é distinta daquele que oferece.
Na religião pregada por Jesus essas duas realidades são mudadas: primeiro, como vimos em Isaías hoje, se queremos ser atendidos por Deus, não precisamos dar-lhe nada, mas devemos dar ao pobre. O que dar aquele que é Senhor de tudo? Não têm necessidade de presentes aquele que nos deu tudo. Mas junto de nós há sempre alguém que precisa, e nessa pessoa está presente o Senhor de quem esperamos misericórdia.
Então o "preço" da misericórdia de Deus é a nossa misericórdia para com o pobre.
Agora, há a necessidade de sermos oferta. De nos darmos ao Senhor.
De nos colocarmos em Suas Mãos, de livre vontade, de nos deixarmos guiar por Ele.
Aquele que livremente se entrega ao Senhor, fica livre para servir o próximo.
O que na liturgia utilizamos: flores, velas, incenso... só tem valor quando, primeiro, foi garantido o auxílio dos pobres, e se forem sinais da nossa entrega.  
Já São João Crisóstomo lembrava: que pouco adianta dar uma bela toalha ao Cristo na Eucaristia e deixar o Cristo no pobre tremendo de frio...
Como católicos somos naturalmente tolerantes, e repeitamos as demais religiões, mas que belo é saber que se queremos agradar nosso Deus é só agradar quem é pobre!

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