LUZ

Como falar do inefável?
Como representar o que nem com os olhos conseguimos compreender?
A piedade cristã sempre identificou Cristo como o Sol. Ele é o "Sol nascente que nos veio visitar" como recordou Zacarias em seu cântico. Cristo é o Sol no sentido de que nos é difícil olhá-lo de frente, tal a sua grandeza, poder e majestade. Mas ao mesmo tempo, vivemos nele, com a sua luz, seu calor e com a vida que tudo isso gera. Ele é o Sol de justiça.
Quando entra em contato com a cultura pagã que adorava o sol, foi fácil para os primeiros cristãos falarem de um sol que nunca se tramonta, que queima, mas sem destruir.
Assim, de certo modo, o sol começa a "perseguir" o Cristo, onde está Cristo, aí está o sol, em sua cabeça, é a auréola que vemos nas primeiras representações do Redentor.
Mas, à medida em que crescia na Igreja a compreensão sobre o papel da Virgem-Mãe do Salvador, também ela é associada à luz. Mas não à uma luz tão forte como o sol, mas à luzes menores como a da lua (que recebe sua luz do sol) e das estrelas. Isso também buscava ser uma resposta ao paganismo que adorava tanto a lua como às estrelas, mas criava também em torno da Virgem um sentimento de proximidade e segurança, por brilharem à noite.
Hoje quase não vemos a noite. Não nos impressiona mais o brilho da lua nem as formas das estrelas, mas ainda hoje os que vivem no mar, apesar de todos os seus instrumentos, compreendem essa beleza e essa importância. E determinadas estrelas fazem-lhes o papel de condutoras, de farol que guia para o caminho certo.
Assim é Maria.
Luz suave, luz discreta, mas que ilumina e guia para o porto.
Que para nós é Jesus.

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