EU

"Eu porém vos digo..."

Essas palavras do Senhor, que talvez não nos chamem atenção, devem ter caído como uma bomba, por duas razões principais. 

A primeira é de que o Senhor está no monte, tal como Moisés. Só que Moisés não publica uma lei sua, ele transmite a Lei de Deus. Mas Jesus, ao contrário, não recebe uma lei de outro, mas promulga, por própria autoridade uma nova Lei. Ao dizer, "Eu, porém, vos digo", Nosso Senhor se mostra mais do que Moisés, e, se Moisés era o amigo de Deus, com quem falava face a face; Nosso Senhor se apresenta como, mais do que amigo, Filho, imagem de Deus, própria face de Deus.

A segunda razão é que a Nova Lei instituída por Cristo conduz ainda mais à perfeição. Jesus não é apenas um novo rabino que acrescenta suas interpretações à Lei, introduzindo novas leis. Jesus aprofunda a própria essência da Lei.

Na Lei de Moisés, é proibido matar; na dos fariseus, então se limita a quantidade de chibatas que se pode dar a alguém para que não morra; na de Cristo é proibido odiar.

Na Lei de Moisés, é proibido mentir; na dos fariseus, se estabelece os limites da mentira; na de Cristo, não é necessário nem jurar, porque se é uma pessoa de palavra, de uma só palavra.

Caros amigos, nós tantas vezes ressuscitamos os fariseus e começamos a querer estabelecer os limites do pecado, tantas vezes para saber se podemos ou não comungar, e deixamos de nos preocupar com a busca de Deus que deveria ser o desejo absoluto de todos cristãos.

Nessa perspectiva, o sacramento da Confissão, deixa de ser alegre celebração da misericórdia, para se tornar um ingresso para a Eucaristia.

Contam que Silva Jardim, político brasileiro, em visita à região de Pompéia quis conhecer o monte Vesúvio, que, na verdade é um vulcão. Quis conhecer tão de perto que caiu nele...

Assim aquele que passeia no limite do pecado venial para o mortal, também pode cair no vulcão... e não nos espantamos que assim aconteça.

Acolhamos, o que o Novo Moisés hoje nos entrega e guardemos essa palavra em nosso coração e em nossa vida.