PESSOALMENTE

Antão...
Se virarmos para alguém e dissermos: "Antão", muito provavelmente a pessoa nos responderá: "Antão o quê?"...
Santo Antão não é um santo muito conhecido pela maior parte do povo. Poucos saberiam, por exemplo, que Santo Antônio, o Santo mais popular do mundo, escolheu o nome de Antonio em homenagem a Santo Antão, padroeiro do conventinho franciscano no qual foi acolhido quando deixou os agostinianos, que, na verdade é o mesmo nome, como Tomé e Tomás...
Santo Antão é um grande santo da nossa Igreja é o Pai de todos os monges por ser um dos primeiros a compreender a solidão no deserto como local de uma dupla aventura: a luta contra os demônios (não só os demônios mesmo, mas também nossas más inclinações...) e o encontro com Deus.
Depois de sua morte, um outro santo, amigo e admirador de Antão, Santo Atanásio, escreveu a sua vida. Nela, ao contar os momentos decisivos da vida de Antão, Santo Atanásio usa uma palavra muito significativa: pessoalmente.
Atanásio diz que Antão ao ouvir a Palavra de Deus, a considera como algo pessoal, algo pessoalmente dirigido para ele. Antão não escuta a Palavra como uma poesia bonita, ou como algo dirigido ao vizinho, é para ele algo pessoal, diretamente dirigida a ele.
Se no Evangelho Jesus diz: "vende tudo o que tens e dá aos pobres", Santo Antão, que tinha recebido uma grande herança após a morte dos seus pais,  não considera algo muito bonito para os outros, mas algo dirigido pessoalmente a ele. E cumpre na sua vida.
Se no Evangelho Jesus diz: "não vos preocupeis com o dia de amanhã", Santo Antão não acha que isso é uma metáfora de Jesus, uma frase bonita, ou algo assim. Ele confia a sua única irmã, ainda criança, a uma comunidade virtuosa de virgens consagradas e parte para o deserto, viver unicamente para Deus.
Faz pequenos trabalhos e vende.
Compra o pão suficiente para o dia e dá o resto aos pobres.
Conta-se que numa discussão entre bispos arianos e outros fiéis à doutrina, Santo Atanásio levou o velho Antão para intervir na discussão. Uns achavam que Jesus não era Deus e outros, fiéis, afirmavam que sim. Deixando de lado os argumentos de teologia e filosofia, Antão simplesmente exclamou: "Eu O vi!" e encerrou-se a discussão.
Pessoalmente.
Para Santo Antão nada foi em terceira pessoa, tudo foi um encontro pessoal entre ele e Deus. A Bíblia, a doutrina, a oração... tudo era pessoal, era coração a coração.
Pessoalmente.
Não será isso mesmo que nos falta?
Quantas vezes achamos as passagens lindas para os outros.
Quantas vezes pensamos que o outro é que deve converter-se, é que deve rezar...
Pessoalmente.
Vou convidar você a um exercício: toda vez que na Bíblia Deus fala com alguém, mude o nome da pessoa pelo seu... Pessoalmente.

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