CARNAVAL

Aproxima-se o Carnaval e vamos percebendo todo aquele clima que o Carnaval provoca.
Conta-se que um oriental, há muitas décadas, passou alguns meses no Rio de Janeiro, escrevendo à sua família sobre o Carnaval, ele teria dito: "durante três dias, todos ficam loucos. Depois voltam ao normal".
Afinal de contas, qual a origem do carnaval?
A resposta mais precisa é: quem sabe?
Há muitas explicações sobre o Carnaval e sua origem, e todas têm algum fundamento.
Mas creio que, para nós o que interessa mais é sobre ser lícito ou não participar do Carnaval.
Primeiro, é bom deixar claro que Carnaval não é pecado.
Não é!
Pecado é a nudez, a sensualidade, o adultério ou a sua incitação.
Pecado é a gula, o destempero na comida e na bebida, dirigir alcoolizado.
Pecado é ensinar as crianças a serem imorais, sensuais, imoderadas...
Esses e muitos outros são os pecados.
Talvez nem sambar seja pecado. Eu não entendo de dança, mas vejo pouca diferença entre o samba e um choque elétrico ou um pisar em chão quente... A própria dança samba, em muitos de seus passes, pode ser apenas uma brincadeira ou uma dança sem maldade, ao contrário de outras danças onde praticamente se reproduz o que seria uma cópula, como o funk.
O samba enquanto música não é pecado. Muitos falam do amor limpo de um homem e uma mulher, outro das dificuldades da vida, outro da esperança de dias melhores, fazendo uma boa seleção, há muitos bons sambas. Há outros que se tornam pecado não por serem samba, mas pelo que dizem em suas letras de blasfêmia, imoralidade, etc.
Já o desfile de escolas de samba, acaba por explorar a nudez, especialmente feminina, o que já é pecado. E quando misturam elementos religiosos católicos ainda geram uma verdadeira profanação. Jogar água benta não lava pecado. O que lava o pecado é a contrição, e quando a Igreja se faz presente nesses momentos de pecado, deixando de lado o profetismo que lhe é essencial, rouba das pessoas a possibilidade de converter-se, porque julgam ser correto o que é abençoado pelos homens de Deus, mas não por Deus.
Sendo assim parece não existir um carnaval que não acabe sendo pecado...
Pois nos blocos de rua, nos desfiles, nos bailes que hoje vemos superabundam esses e tantos outros pecados que é melhor nem nomear.
Cabe a nós católicos, criarmos, ou recriarmos o sentido da alegria distinto da loucura, da brincadeira distinto da imoralidade. Fazer um carnaval sem pecado é possível!
E para isso não precisamos fazer carnavais católicos.
É só fazermos carnavais humanos. Onde o corpo é considerado um dom a ser cuidado, onde a mulher têm uma dignidade imensa, tal como o homem, onde se saiba o justo limite entre o certo e o errado.
Certa vez, organizou-se em Veneza um baile de carnaval onde já era garantido reinar a imoralidade, pagaria-se um preço tal, mas se teria tudo o que se pode imaginar de imoralidade, glutonerias etc... Parecia que seria um sucesso.
Sabendo disso, o Patriarca de Veneza, Cardeal Sarto, entendeu que não adiantaria apenas proibir. Abriu as portas do palácio episcopal para um baile gratuito, com diversões sadias, concurso de máscaras, música elegante e limpa. E mandando anunciar nas missas o baile, acabou que as mulheres, geralmente mais religiosas que os homens, carregavam a família toda para o baile do Cardeal. 
O outro fracassou terrivelmente.
Depois esse Cardeal veio a ser o Papa S. Pio X.
Queridos amigos, nós muitas vezes nos isolamos diante da maldade. E nos fechamos num gueto onde todos nos compreendem e concordam conosco.
Não!
Sejamos Igreja em saída como diz o Papa Francisco.
Mas se o sal perde o sabor...
Se o padre vira passista e a freira porta-bandeira naquele mar de bustos e traseiros desnudos do atual carnaval, o sal perdeu o sabor. A Igreja quando se mistura com o mundo e se torna igual a ele, descobre que não é mais necessária.
Igreja em saída... organizemos pequenos bailes familiares ou de maiores proporções: fantasias que cubram tudo direitinho... (ninguém vestido de Adão!!!), boa música (limpa, sem duplo sentido, que leve até a alguma reflexão), uma boa comida, uma bebida bem limitadinha para evitar excessos, um controle firme no que se conversa.
Talvez alguém não entenda nosso propósito e queira trazer para nós o que não queremos. 
Se tiver bom senso, parará por si, porque verá que está fora de local. 
Como bom senso não se vende na padaria, as vezes uma correção fraterna também ajuda... No próximo ano ou não irá, ou compreenderá que ali é diferente e irá diferente (nos esforçaremos para que aconteça a segunda opção!). E bom carnaval.

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