SETE

A oitava do Natal e a oitava da Páscoa têm um ritmo diferente.
A da Páscoa tem um ciclo semanal: de Domingo a Domingo, de modo que há uma concatenação de idéias mais centrada. Já a oitava do Natal é um ciclo do dia 25 de dezembro a 1 de janeiro, onde há ainda o Domingo da Sagrada Família que, sendo embora de capital importância, quebra um pouco o ritmo das leituras desse tempo de oitava.
Assim, ontem ouvimos a fuga da Sagrada Família para o Egito, enquanto que, se não fosse o Domingo da Sagrada Família, teríamos ouvido a primeira parte da Apresentação do Menino Jesus no Templo. 
E hoje, então, ouvimos a segunda parte, onde protagoniza não mais o velho Simeão, mas a velha Ana. São velhos porque é a Antiga Lei que jubilosamente cede o seu lugar à Nova. São velhos, porque acenam de longe já o cumprimento das profecias.
Mas sobre essa veneranda idosa, é-nos dado um fato que não nos é fácil descobrir se deve ser compreendido na literalidade, na simbologia, ou em ambos.
O Evangelista diz que antes de ir para o Templo servir a Deus, Ana fora casada sete anos.
Sete anos?
Sete vezes doze meses?
Ou foi casada plenamente? Viveu plenamente a sua vida de casada? Com aqueles altos e baixos da vida, que quando olhamos com o olhar de Deus são só altos porque nos "baixos" estamos mais próximos d'Ele...
Sete vezes trezentos e sessenta e cinco dias?
Ou foi aquela mulher que, como praticamente todas, são a coluna principal da casa: a companheira do marido, a mestra dos filhos, a amiga de todos, a catequista por excelência da família, a ligação com Deus de todo um lar?
Sete anos...
Eu penso que São Lucas, conhecendo a ligação dos judeus com os números, deixou essa pequena brincadeira de adivinhação, cuja resposta certa, eu assim acredito, são as duas.
Sete anos, plenitude!
Queridos amigos a grande tentação que sofremos não é não cumprirmos a nossa vocação, mas a cumprirmos pela metade, cumprimos boa parte... não cumprirmos sete anos, não cumprirmos em plenitude.
Certa vez me contaram de uma inscrição fúnebre que acharam em Roma de uma mulher de 20 e poucos anos onde o marido mandou escrever apenas: "Estava Plena"
Que belo é pensarmos isso! Vivermos plenamente, sem excluir nada, nem mesmo os sofrimentos, sem rotina, sem monotonia... Plenamente.
Penso agora nas velhinhas...
Sim, nas velhinhas. 
Que apostolado podem fazer se forem plenamente de Deus. E para isso não é necessário nada de pitoresco. É só serem plenas: plenas mães, plenas esposas, plenas avós, plenas bisavós.
Plenas mães que cobram de seus filhos a fidelidade e a sinceridade com seu cônjuge. Que cobram deles uma vida virtuosa, sincera e piedosa. Que não apoiam "as suas escolhas" se elas não forem "escolhas de Deus"!
Plenas esposas que não deixam seus maridos caírem no marasmo da vida conjugal e sobretudo da vida espiritual. Que cobram gentilmente que se confessem, que comunguem, que façam um retiro... Que são solícitas em tudo por eles para que jamais eles possam usá-las como desculpa para um pecado.
Plenas avós e bisavós! Temos um fenômeno preocupante em nossa Igreja: avós muito devotas e netos praticamente ateus. "Ah... ele não quer, é melhor respeitar..."
Com todo o respeito, a senhora pensa assim em relação à escola, ao curso de inglês, ou ao jiu-jitsu?
Não. E de repente a senhora não lembra mais nada da escola, não estudou inglês, nem muito menos lutou jiu-jitsu. Se a sua palavra vale tanto em questões que nunca fizeram parte da sua vida; quanto mais quando a senhora falar sobre Deus com seus netos, do amor de Deus, do sacrifício de Jesus, da proteção de Maria....
Plenamente...
Queridos amigos, peçamos ao Senhor a graça de não vivermos a meias... mas plenamente a vida que o Senhor nos deu.

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