INTENÇÃO



O que é queimar incenso?
Basicamente, nada.
O que significa queimar incenso?
Reconhecer como Deus, mostrar profunda veneração ou mesmo adoração.
É possível separar as duas coisas?
Sim.
Para isso serve a intenção.
A intenção liga o ato a um significado.
Porém, a intenção só pode ser conhecida se for revelada pelo agente da ação.
Eu posso queimar incenso, porque considero um lugar fedorento, e, como o incenso é um perfume, eu quero simplesmente perfumar.
Eu posso queimar incenso, porque considero um lugar santo e habitáculo da divindade, por isso queimo incenso para homenagear a divindade.
Eu sei que isso pode parecer simples demais, mas marcou a história de gerações de cristãos.
Acontecia o seguinte: uma pessoa era denunciada como cristão. Então ela era levada junto com um juiz para diante de uma imagem de um Deus pagão, se queimasse incenso, tudo bem, estava livre. Se não queimasse, ele e sua família seriam postos na miséria, presos e provavelmente depois mortos.
Como se arruma jeito pra quase tudo, alguns cristãos denunciados que tinham dinheiro "compravam" o juiz ou o escrivão que davam um atestado de que o sujeito tinha queimado o incenso, embora não o tivesse feito.
Nesse caso, encontrávamos três classes possíveis: os "lapsi" ou seja, os que caíram na idolatria, ainda que não tivessem intenção idolátrica, davam mal exemplo e enfraqueciam a fé dos demais, traindo a Igreja.
Depois tínhamos os "libellati" os que tinham comprado o libelo, o documento que atestava a queima de incenso não acontecida. Sua situação na Igreja não era confortável, pois usaram de corrupção e compraram um atestado de idolatria, ainda que nem de longe tivessem entrado no templo pagão.
E, por fim, a última categoria, que nós costumamos chamar com o nome de mártires. Ou seja os que deram testemunho com a vida, os que morreram por não queimar incenso diante dos ídolos pagãos.
Queridos amigos, porque creio ser necessária essa reflexão?
Porque estão em "alta" duas coisas que empatam em maldade.
A blasfêmia e a idolatria.
Geralmente fora da Igreja encontramos a blasfêmia, ou seja, coisas que atingem a honra de Deus, da Santíssima Virgem, dos Santos. E muitos cristãos tomam parte nisso, dizendo não terem a intenção idolátrica. Assistem espetáculos, programas de TV, cantam músicas, vão à celebrações.... blasfemas! "Mas não têm problema, porque fui só para me divertir, era só um espetáculo, era só um programa..."
Quando alguém faz isso despreza não só Sangue de Cristo que morre blasfemado na cruz, mas o rio do sangue dos mártires que se seguiu ao de Cristo. Por muito menos, os Santos ofereceram seu pescoço à espada, ainda que fosse demais pequeno o pescoço e grande demais a espada, como uma Inês!
A outra é a idolatria, que têm se tornado comum na Igreja, especialmente na continuação do Sínodo da Amazônia. No Sínodo da Amazônia a preocupação deveria ser evangelizar os que moram naquela região, especialmente os índios. Mas o que aconteceu na prática é que foram as religiões pagãs que "evangelizaram" a doutrina cristã. E aqui e acolá estamos vendo um chazinho, uma defumação, uma pachamama, um ídolo de fertilidade...
A desculpa comum nessas horas é que são coisas culturais, não religiosas. Não estão com intenção idolátrica. Estão tomando o chá e sendo defumados em nome da divindade da terra, mas não há a intenção idolátrica.
Queridos amigos, é possível realmente que não tenha a intenção, mas e o escândalo? E a ferida que se causa nas ovelhas? Que cheiro tem as ovelhas da Igreja Católica hoje? Cheiro de Sangue! Porque as ovelhas estão sendo feridas pelos pastores e mordidas pelas outras ovelhas!
Intenção não é desculpa. Intenção não está escrita na testa.
Ação! E ações santas! Dignas das gerações que nos precederam!

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