CONTRA

Na missa da meia-noite no Natal do Senhor, a antífona de entrada da Missa colocava na boca do Senhor que nascia: O Senhor disse a mim: Tu és meu filho e eu hoje te gerei. É um trecho do Salmo segundo, que cai como uma luva na noite de Natal. Porém, logo em seguida, o versículo escolhido para compor com a Antífona, pode nos causar alguma estranheza: Por que os povos agitados se revoltam, e os príncipes conspiram todos juntos contra o Deus Onipotente e o Seu Ungido?
Acabou a graça...
Toda tranquilidade, singeleza e beleza daquela noite já são marcadas por uma guerra, por uma trama contra aquele indefeso recém-nascido, que com certeza vencerá. Mas vencerá na mesma medida que parecer perder, por isso sua cruz será o seu máximo triunfo.
O nascimento de Cristo não é simplesmente um aniversário, mas é o grito de Deus proclamando a sua vitória contra o mal.
O mal, por costume, fica escondido. Só se mostra claramente quando desafiado. A crueldade de Herodes ultrapassa a maldade puramente humana, assim serão aqueles que combatem contra Deus. Não se trata apenas de um trauma, ou de uma "revoltinha", é um ódio, e poderia dizer, ódio preternatural que encontra a sua gênese naquele ser que é puramente ódio, satanás.
Assim, o massacre dos inocentes é a primeira tentativa do demônio, através de Herodes, de destruir a Cristo. A primeira de muitas. E isso continua ainda hoje: não podendo nada contra Deus, satanás volta-se contra a Sua Imagem, o Ser Humano.
A cena é terrível, assutadora, cúmulo da maldade.
Mas há uma outra cena.
Almas vencendo, sem sequer terem lutado. Mártires testemunhando, sem sequer poderem falar. Guerreiros vitoriosos empunhando a palma da vitória, palma que é maior do que os seus próprios corpinhos...
Os santos Inocentes nos recordam os dois olhares dos cristãos, o da terra e o do céu. Os dois são reais, mais ainda, o do céu é mais real! Mas não é fácil de vê-lo, especialmente quando o primeiro olhar ainda está ocupado com o brilho da espada que separa mães e filhos.
Peçamos a essas crianças, que abrem o cortejo do qual nós também faremos parte, que nos ajudem a ver mais com os olhos do céu.

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