ESPADA

Alguns estudiosos da Sagrada Escritura admitem que antes da composição dos Santos Evangelhos possa ter havido um conjunto de ditos do Senhor. Frases soltas, sem nenhuma aparente conexão, mas que eram a recordação mais viva do que as primeiras gerações ouviram diretamente da boca do Senhor.
Esses ditos serviram para que os Apóstolos ou varões apostólicos se baseassem na posterior confecção de seus Evangelhos. E, em certos momentos, apareceriam sem nenhuma moldura literária, no meio dos Evangelhos.
É o caso da perícope que se ouve na segunda-feira da XV Semana do Tempo Comum.
"Não penseis que vim trazer a paz, vim trazer a espada."
Certamente essa frase marcou profundamente a mente dos primeiros cristãos. Desde o início se pensa em paz como ausência de conflitos, se o Messias é o Príncipe da Paz, necessariamente o sinal de seu Reino seria a absoluta ausência de qualquer querela.
Todavia, Jesus se apresenta justamente como aquele que traz a espada, em certo sentido, aquele que traz a confusão... Doravante aqueles que o seguirem não só não terão aquela paz tal como o mundo a compreende, mas não a terão justamente por causa de Cristo.
Sim, meus amigos, o Senhor nos tira a paz, tal como o mundo a entende.
Nos tira a paz conosco mesmos, porque passamos a lutar contra aquele "eu" que a teologia ascética chama de "carne". Tira-nos a paz com aquilo e aqueles que "muito caridosamente" nos querem tirar da radicalidade da vida em Cristo, a esses costumamos chamar com o nome de "mundo"; e também nos tira uma certa paz espiritual, porque simplesmente declaramos guerra ao demônio, a quem costumamos chamar de... demônio mesmo.
Por isso, o Senhor nos entrega a espada.
Porque não há discípulo d'Ele que não tenha que combater.
E a paz?
Bem... já nos recordavam os antigos que se quisermos a paz, teremos que estar preparados para a guerra. Sim. A paz de Cristo, é paz na guerra. Até porque teremos uma eternidade para descansar.

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