JUSTIFICADO

Nesse sábado da III Semana da Quaresma ouvimos no Santo Evangelho a parábola do fariseu e do publicano. Nosso Senhor apresenta alguns detalhes em torno desses dois personagens.
O fariseu de pé, fala muito, fala demais. O centro de sua oração não é Deus, mas ele mesmo. "Eu... eu... eu..." é a oração do fariseu.
Já o publicano se põe mais afastado, não olha sequer para o alto e diz apenas: "Piedade de mim, ó Deus, porque sou pecador." Nessa oração, embora também mencione a si mesmo, o publicano se apresenta como simples objeto da misericórdia de Deus.
Essa oração se tornou para muitos cristãos ao longo dos séculos a oração do coração.
A pequena filocalia, ou oração dos pobres, ou oração do coração consiste em trazer uma formula semelhante à essa oração do publicano no ritmo da respiração:
Ao se respirar, se pensa: Senhor Jesus, Filho de Deus.
E ao inspirar, se pensa: tende piedade de mim, pecador.
E assim, dezenas, centenas, milhares, milhões de vezes ao dia.
Foi essa a oração dos padres do deserto e dos grandes místicos, especialmente do Oriente.
E foi essa oração que justificou o publicano.
O justificou porque ele não quis justificar-se.
A experiência do confessionário faz com que muitos padres percebam que a contrição é inversamente proporcional à quantidade de justificativas que o penitente apresenta.
Muitos ao se confessarem agem como o marido que pede perdão à esposa por ter sido grosseiro com ela por que ela o enche a paciência. Ou seja... a culpa é dela...
No caso da confissão, a multiplicação de palavras, explicações e justificativas muitas vezes quer dizer que o culpado é... Deus!
Queridos amigos, voltemos muitas vezes à essa parábola e às palavras do fariseu. Criemos em nós o costume da filocalia, para que sem nos justificarmos possamos ser justificados por Deus.

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