FILHOS

Um homem tinha dois filhos. O filho mais novo disse ao pai: "Dá-me a parte da herança que me cabe" (...) e partiu (...). O filho mais velho, ao ver a tristeza do Pai, também partiu. E aquele Pai, não deixou de ser Pai, mas ficou sem filhos, porque o mais novo fugiu e o mais velho saiu para buscar o mais novo. O mais velho ao sair não pediu nada, porque tudo que era seu era também do seu Pai, nada tinha o Pai que já não tivesse dado ao seu primeiro Filho.
O Filho mais velho, compreendeu que para trazer o filho mais novo, ele teria que descer também até a miséria, e que também ele teria que sentir o cheiro dos porcos.
Mas nada era muito para fazer seu Pai sorrir de novo, e o Filho mais velho desceu, desceu até mais baixo do que se aconselharia, do que se poderia, só para trazer o irmão mais novo. Pagou tudo o que seu irmão devia aos credores e deu até mais, para que os credores não voltassem nunca mais a querer possuir o seu irmão mais novo.
E o Filho mais velho se arrebentou, até onde não podia mais só para trazer o irmão fujão, para ver seu Pai sorrir de novo.
E trouxe.
Nas feridas dos dois filhos o Pai viu a miséria do mais novo, curadas nas feridas de misericórdia do mais velho.
E começaram a festa.
Às vezes o irmão mais novo teima em sair da festa.
Qualquer luz enfraquecida lhe chama mais atenção que o resplendor da casa do Pai.
E o Pai e o Filho mais velho voltam, chamam, insistem para que ele volte para a festa. Nem sempre adianta.
E lá vai o Filho mais velho, buscar e buscar e buscar o irmão mais novo sempre fujão. E busca porque o Pai não pode ser Pai se não tiver junto a Si os dois.
Sei que não foi isso que ouvimos na Missa de hoje.
Mas é isso que vivemos desde que o Filho mais velho desceu do céu para buscar a mim e a você que ainda continuamos fugindo.

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