ORVALHAI

Iniciando hoje o Tempo do Advento, gostaria de meditar com vocês de uma forma muito breve e por isso certamente incompleta, um canto próprio para este tempo: Rorate.
Se você me permite uma sugestão, pare agora um pouco e escute acompanhando a tradução abaixo:

Derramai, ó céus, o vosso orvalho do alto, e as nuvens chovam o Justo

Não vos ireis, Senhor, nem vos lembreis da iniquidade.Eis que a cidade do Santuário ficou deserta:Sião tornou-se deserta; Jerusalém está desolada.A casa da vossa santificação e da vossa glória,Onde os nossos pais vos louvaram


Pecamos e nos tornamos como os imundos,
E caímos, todos, como folhas.
E as nossas iniquidades, como um vento, nos dispersaram.
Escondestes de nós o vosso rosto
E nos esmagastes pela mão das nossas iniquidades


Olhai, ó Senhor, para a aflição do vosso povo,
E enviai Aquele que estais para enviar!
Enviai o Cordeiro dominador da terra
Da pedra do deserto ao monte da filha de Sião
Para que Ele retire o jugo do nosso cativeiro
  
Consola-te, consola-te, povo meu,
Em breve há de vir a tua salvação!
Por que te consomes na tristeza, se a dor te renovou?
Eu te salvarei, não tenhas medo!
Porque Eu sou o Senhor, teu Deus,
o Santo de Israel, o teu Redentor.


Na primeira estrofe vemos a desolação: a casa de Deus, a cidade santa, o local onde nossos pais louvavam a Deus foi destruído.Queridos amigos, esse canto é para nós também hoje.
Quem, que possua o mínimo do bom senso, não percebe esse desolação na casa de Deus que é a Igreja?
A Igreja está desolada. A Santa Missa se tornou uma celebração do povo para o povo, num círculo fechado onde não há mais lugar para Deus. A Presença Real tornou-se um acessório lateral em nossos templos. O povo, e mesmo alguns clérigos, desconhecem desde os mais básicos rudimentos da fé até o modo como se comportar numa igreja... Parece que a Igreja de nossos pais foi tragada pelo tempo para um passado distante.
A razão de tudo isso aparece na segunda estrofe: "peccavimus..."
Nós pecamos.
Sim, há uma apostasia que destrói a Igreja desde os mais altos círculos, mas há também os nossos pecados pessoais, nós, simples sacerdotes e fiéis que não temos nenhuma influência de poder na Igreja, nos tornamos co-responsáveis pela desolação da Igreja por causa de nossos pecados. São nossos pecados a causa de tanta sujeira na Igreja. Nós esquecemos que a resposta à iniquidade é a santidade. Uma santidade operante e militante.
"Vide, Domine!"
Vê, Senhor!
Na terceira estrofe encontramos a solução: Deus.
Talvez o maior erro que encontramos hoje nos filhos da Igreja é o acreditar que a solução se encontra em nós. Não! A salvação é o Senhor. Vê, Senhor! É o clamor que dirigimos, como os discípulos da barca no mar revolto: Salva-nos quod perimus... Estamos perecendo, estamos afundando: Salva-nos.
Salva, Senhor a tua Igreja!
E por fim, a estrofe mais doce: "Consolamini, consolamini, popule meus... Noli timere" Consola-te, meu povo, não tenhas medo!"
A Igreja, povo do Senhor, ainda que tenha suas dores renovadas, não há o que temer. Ele nos recorda: Sou teu Deus, o Santo de Israel, teu Redentor...
Certamente, amigos, não estamos ainda nessas últimas estrofes.
Mas elas chegarão um dia.




Comentários