O AMADO

Celebramos hoje a festa de S. João Evangelista, aquele que mais de perto vislumbrou os mistérios do Verbo que se fez carne e habitou entre nós. Único dos Apóstolos a não morrer mártir, passou pela experiência do martírio sendo lançado vivo numa caldeira de óleo fervente em Roma, mas saiu ileso.
Sendo, por isso, o último dos Apóstolos a morrer, já centenário, não tendo mais forças para se manter em pé, era carregado de um lado ao outro repetindo apenas: "Amai-vos uns aos outros".
Quando olhamos para João, e o vemos como "o discípulo amado", talvez tenhamos uma certa "inveja", pensando na predileção de Jesus por ele.
Mas talvez não pensamos que o "problema" não estivesse em Jesus, mas em João.
Não é que Jesus amasse mais a João. Era João que se deixava amar mais por Jesus.
Usemos uma comparação simples: uma caixa de água de mil litros e um dedal, debaixo de uma forte chuva podem ser ambos enchidos, mas não na mesma quantidade. Assim, o Senhor nos ama a todos, mas na medida em que nos deixamos amar.
Alguns seremos caixas de água, outros baldes, outros dedais...
O Salmo 118 traz uma bela expressão: "Dilatasti cor meum", Dilatastes o meu coração...
S. João foi esse que reclinando-se sobre o Coração de Jesus, permitiu que o seu coração de alargasse para caber mais amor.
O fato de que chegue primeiro ao túmulo vazio, de que corra mais do que Pedro, é explicado porque o amor não conhece lerdeza, quanto mais amor, mais rápido. Por isso Nossa Senhora também vai "com pressa" visitar sua prima Isabel.
Santa Teresa de Ávila com suas expressões inconfundíveis diz que para seguir Jesus é necessário ter "peito grande". Precisamos do coração grande para caber o grande amor que nos fortalecerá para as grandes dores.

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