O QUÊ NOS DEIXOU O SENHOR?

Celebrando a Solenidade de todos os Santos, ouvimos o Evangelho das Bem-aventuranças. Muitos consideram as bem-aventuranças como a "Carta Magna", a "Constituição" do Reino de Deus. Em certo sentido, elas traçam um auto-retrato do Senhor, mas há algo ainda mais profundo que precisamos na solenidade de hoje considerar.
O Senhor em momento algum escreveu ou ordenou que se escrevesse algo. Diferente de muitos mestres antigos, Jesus nunca ditou um livro.
Quando o Batista apontou Jesus a João e André não se referiu a Ele com um novo mestre a seguir, mas como o Cordeiro de Deus.
Há algo na vida de Cristo que é um princípio irrenunciável para o compreendermos adequadamente, e isso é mais que suas próprias palavras, em certo sentido é a única herança que nos deixou: trata-se da Cruz.
Sem a ótica da cruz não compreendemos o Senhor adequadamente.
E tudo o que o Senhor nos dá têm a marca da cruz.
As bem-aventuranças não são uma cruz. Mas todo aquele que as viver receberá do mundo o desprezo que o próprio Autor recebeu.
Nesse dia de todos os Santos, faria-nos muito bem celebrarmos também todas as cruzes nas quais eles encontraram o Divino Esposo para as núpcias do Cordeiro.
Quando Michelangelo pintou o juízo final na Capela Sistina, apresentou o Bom Ladrão agarrado à sua cruz. Agarremos a nossa, como troféu de salvação.

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