PÔR A MÃO SOBRE A BOCA


Temos ouvido na Liturgia da Palavra de nossas Eucaristias o livro de Jó. Depois de vários acontecimentos e muitos discursos chegou a vez de Deus falar.
E Deus então fala do meio do tempestade, não só da tempestade física, mas Deus fala a partir daquele tempo fechado que se tinha tornado o coração de seu servo Jó.
O coração de Jó pelo próprio sofrimento físico e moral havia se tornado uma tempestade, onde a única luz que havia era a do trovão que apavora e destrói.
Mas é a partir dessa tempestade que Deus fala.
Quando vemos alguém que sofre, um caminho de conversa é tentar minimizar o sofrimento da pessoa, recordando-lhe que, independente do que esteja sofrendo, existem sofrimentos piores. Há aqueles especialistas em comprovar que nada é maior do que o seu próprio sofrimento e tentam consolar os outros apontando como os sofrimentos deles são pequenos se comparados com o dele...
Deus em nenhum momento diminui os sofrimentos de Jó, se há algo pequeno para Deus não são os sofrimentos de Jó, mas Jó.
Jó é pequeno.
Com certa ironia, Deus vai questionando a Jó sobre os mistérios da natureza. E se ele não é capaz de compreender o que se vê, como pode querer questionar a Deus?
Mas Deus aponta a pequenez de Jó, para dar-lhe a entender que é a essa pequenez que o torna capaz de ser cuidado por Deus. Ainda que nesse cuidado amor e proteção nem sempre sejam sinônimos.
Colocarei a mão sobre a boca, disse Jó.
Me calarei. 
Queridos amigos, evitemos nossos solilóquios soferentes, para que ao calarmos ouçamos aquele que ainda que nos fira, fere curando.

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