UM PURO TEMOR

Dentre os dons do Espírito Santo falamos do Temor de Deus. No Salmo Responsorial da Eucaristia de hoje ouvimos falar do "puro temor do Senhor", o que significaria esse puro temor?
O dom do temor é puro porque não é fruto dos erros, como geralmente acontece com nossos medos... o dom do temor é fruto do amor.
Não é um mero respeito, como tantas vezes tentamos explicar, temer não é respeitar... Maria no Magnificat usa o verbo temer, no texto grego de Lucas é esse o verbo: phobeo... temer!
Mas pode haver um temor fruto do amor?
Pensemos na nossa vida quotidiana:
Alguém em casa vai para a cozinha e faz um prato para o almoço.
Todos se sentam e começam a comer. Aquele que fez, não experimenta um "frio na barriga"?
Ele teme que a comida não agrade, não porque vá ser castigado ou expulso da família... Mas porque os ama e quer lhes dar uma alegria.
Assim o nosso temor é o "medo" de não sermos agradáveis a Deus. Não tanto pelos castigos que mereceríamos, mas porque Deus é tão bom, que gostaríamos de retribuir.
Termino com um texto de Teresa de Ávila:

Não me move, Senhor para Te amar 
O Céu que me prometestes 
Nem me move o inferno tão temido 
Para deixar por isso de Te ofender.

Tu me moves, Senhor,
Move-me ver-Te
Pregado em uma Cruz e escarnecido
Move-me ver teu Corpo tão ferido,
Movem-me tuas afrontas e tua morte.

Move-me enfim o teu amor,
E de tal maneira,
Que ainda que não houvesse Céu eu Te amaria,
E ainda que não houvesse inferno Te temeria.

Nada tens que me dar para que eu Te queira,
Pois mesmo que eu não esperasse o que espero,
O mesmo que Te quero
Eu te quereria.

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