OUVIR PARA SER OUVIDO

Ouvimos na Santa Liturgia de hoje o Espírito Santo nos dizer que aquele que tapa os ouvidos quando o pobre pede, também pedirá e não será ouvido. Ouvir é, em certo sentido, um dos verbos prediletos de Deus. A grande oração da identidade do povo escolhido não será outra senão o Shemá Yisrael, Ouve, Israel. A escuta para o povo da antiga e da nova aliança será a condição principal e talvez única de pertença.
O escutar o Senhor e, sem cessar de escutá-lo, escutar o irmão, especialmente o pobre.
Bento de Núrsia repropondo o ideal do seguimento de Cristo, abre a sua Regra com o mesmo verbo: Obsculta! Escuta!
É na escuta que se entra na escola do serviço do Senhor, e se serve o Senhor nos mais necessitados.
Aqui encontramos uma linha de força que separa bem o cristão do pagão.
Para o pagão é necessário fazer. A divindade se torna propícia mediante ofertas, dádivas oferecidas em sua honra.
Já o cristão compreende que se honra o Senhor no próximo.
João Crisóstomo recordava aos cristãos o quão pouco adianta cobrir de ouro os altares em honra do Senhor e deixá-lo tremendo de frio no pobre...
O Senhor se torna propício a nós na mesma medida em que nós somos propícios ao pobre.
Não nos preocupemos tanto com aquilo com que Deus não se preocupa.

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