OS POBRES

A carta de S. Tiago que ouvimos na Eucaristia de hoje nos apresenta de forma mais do que clara um desafio da Igreja em todos os tempos: os pobres. A presença dos pobres na Igreja é uma presença desafiadora e, ao mesmo tempo, a intensidade do trato da Igreja com eles se torna um espelho de quanto a Igreja está conduzida pelo Espírito de Jesus.
De forma bem concreta, Tiago fala do acolhimento ao rico e da falta de acolhimento do pobre. Ao rico destina-se um lugar de honra, ao pobre, todavia, um lugar qualquer.
Essa postura nos acompanha há tantos anos.
Certa vez, Dom Hélder Câmara comentava que sempre se esteve acostumado com a Igreja ao lado dos ricos, junto deles. Os padres e bispos frequentavam os palacetes, os jantares, e através dessa postura conseguiam muito para ajudar os pobres através de iniciativas sociais. Mas quando alguns padres e bispos resolveram ser mais presença junto aos pobres, mesmo que não conseguissem fazer muito, mas sendo presença junto deles, isso causou muita estranheza.
Ainda hoje causa.
Precisamos compreender que o caminho da eficiência nem sempre é o do Evangelho.
Se Jesus fosse "eficiente" faria um milagre bem grande e perene, de modo que não precisaríamos mais convencer ninguém sobre sua Palavra e seu Amor, talvez tivesse descido da Cruz diante dos judeus, ou coisa do tipo.
Estar junto dos ricos pode realmente ser o meio mais eficaz para ajudar os pobres. Mas a Igreja não existe para ajudar, como uma entidade filantrópica apenas, mas a Igreja precisa ser presença.
Talvez ainda sejamos uma presença meio ausente. Talvez falte-nos o mais básico de um conseguir estar e comunicar. Por isso a concretude da carta de Tiago, e a sua aplicação começando em nossas comunidades será o melhor caminho de conversão pessoal e eclesial.

Comentários