NÃO APESAR...

No Evangelho de hoje, Jesus escolhe a barca de Simão para a partir dela ensinar as multidões. Após ensinar, Jesus ordena a Simão que vá para águas mais profundas para pescar. Tanto pelo horário, quanto pela experiência da noite anterior, Simão ressalva que vai unicamente porque assim o disse o Senhor.
E acontece a pesca milagrosa.
Diante do milagre, Pedro, tomado de espanto, considerará que os seus pecados não podem coexistir com a presença de Jesus. "Afasta-te de mim, porque sou pecador!"
Esta é, muitas vezes, também a nossa posição: Senhor, a tua santidade me constrange, porque sou um pecador. Afasta-te de mim!
Pedro, e às vezes nós, parecemos nos esquecer que o Senhor nos conhece mais do que nós mesmos. Recordo mais uma vez aquela bela expressão de S. Agostinho: O Senhor é "interior intimo meo", mais íntimo de mim que mim mesmo...
A confissão de ser pecador, não acrescenta nenhuma novidade a Jesus. Ele o sabe. Ele não escolheu Pedro apesar de ser um pecador, mas por ser um pecador.
É claro que sempre existirá a tensão entre a santidade de Deus que chama e do homem pecador que tenta corresponder. Nessa tensão, por vezes vence a santidade, por vezes a fraqueza. E o Senhor sabe disso, e como não teve horror do útero da Virgem (Hino Te Deum) também não tem horror de nos chamar.


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