ENGANAMOS ELE, TOTÓ

Num manicômio passeava um louco puxando uma caixa de sapatos por uma corda. Passou junto dele o médico que disse: "Oh! O senhor está passeando com seu cãozinho?" O louco, porém, respondeu: "Cãozinho? Ora doutor! O senhor está louco? Não vê que levo uma caixa de sapatos?". O médico se afasta satisfeito, pensando: "Esse, graças a Deus, está melhorando". E enquanto o médico se afasta, o louco se abaixa, pega a caixa de sapatos, olha para um lado e outro, e diz bem maroto: "Enganamos ele, Totó!"

Para o louco, a caixa de sapatos pode ser caixa de sapatos e cachorro. Ele é louco. Para ele uma coisa não precisa ser apenas o que se vê.

S. Paulo, ao falar da cruz, usa a palavra loucura. Creio que é a expressão mais forte sobre esse mistério: a loucura da cruz. Porque é a loucura da cruz que nos faz compreender que são a mesma coisa a morte e a vida, a dor e a felicidade, a contradição e a exaltação, o sofrimento e o consolo.

A cruz é loucura.

Justamente por ser loucura, não há como aprendê-la. Ninguém aprende a ser louco. Posso representar, encenar uma pessoa louca, mas continuo são. Assim também a loucura da cruz não se aprende, não está nos livros, mas na vida. É na ciência da vida que se escolhe tomar ou não as lições da cruz.

A cruz é uma escola aberta a todos. Mas só entram nela, os que compreendem a presença do Senhor no meio das nossas dores. Essa presença que nessa hora é tão forte, justamente por isso é tão pouco perceptível. Não consigo enxergar bem quem estíver com o rosto colado ao meu... Assim e mais do que assim, está o Cristo junto daquele que sofre.



Comentários