ÉGLISE
Na França há duas senhoras chamadas Église. Nome bonito, simpático.
Por acaso, as duas são mães e seus filhos moram consigo.
Por acaso as duas são peritas criminais.
Por acaso as duas moram com um primo que nem tem sérios problemas...
Chamarei uma simplesmente de "Église", a outra Église chamarei apenas de "A outra".
Église, tem seus três filhos, não são trigêmeos, um tem 06, outro 10 e um adolescente de 15. A outra também.
Église considera a idade de cada um de seus filhos e preocupa-se com cada um deles de forma diferente, com quem se preocupa mais? Com os três, porque sabe que cada idade traz uma imensidão de preocupações próprias, o de 06, por exemplo, precisa compreender que o seu estojo não é o do coleguinha, por isso Eglise já até o deixou de castigo, quando chegou com uma canetinha que não era sua. O de 10 supõe ser um super-herói, e Église já lhe explicou que não é. Que não pode tudo. Que tem limites, por isso, mandou por tela de proteção nas janelas de seu apartamento, para que o filho de 10, pensando ser o super-man não se arrebente caindo de lá. Já com o de 15, Église exige saber a senha do celular para saber quem são seus amigos virtuais e que tipo de conversas ou conteúdos eles compartilham pelo WhatsApp.
A outra acredita que seus filhos serão capazes de descobrir por si mesmos tudo o que é certo e errado, e que não pode proibi-los ou castigá-los pelo trauma posterior que isso pode causar. Também crê ser um direito do filho de 15 ver o que bem entender mas com responsabilidade, responsabilidade essa que ela considera algo tão natural ao filho como a sua respiração.
Église, como já dissemos, é perita criminal. Às vezes precisa levar trabalho para casa, e tem em casa uma vasta biblioteca contendo histórias e figuras relacionadas aos mais variados crimes. Esses livros, elas os deixa nas prateleiras mais altas, para que os filhos não os vejam.
Já a outra, acredita que a criança desde o início deve ser formada pela realidade, então os deixa na mesa da sala, para que, se sentir o desejo, mas sempre responsável e maduramente, qualquer um de seus filhos possa ter acesso ao mesmo conteúdo.
Église protegeu as tomadas, guardou bem as facas, e pôs um filtro no único computador da família que fica na sala, para que nenhum de seus filhos possa vir a ser eletrocutado, cortado ou ver coisas impróprias, ou mesmo ser assediado pela internet.
Já a outra, acha que toda experiência é justa e válida. E que o choque, provavelmente não matará a criança, o corte, provavelmente será superficial, e a internet é um mundo maravilhoso, com certos problemas mas que deve ser sempre livremente explorado. Por isso, pôs um computador no quarto de cada um.
Há na casa de Église um certo horário para se assistir TV, e se há alguma apologia ao que Église considera como um valor de sua alma, imediatamente desliga a TV e conversa com os filhos sobre o quanto é errado o que a TV acabou de mostrar. Tá certo, que no final das contas Église só tem uns três ou quatro canais de TV, mas por outro lado descobriu no You Tube algumas séries legais do tempo em que era criança e vê com seus filhos que acham a maior graça.
Na outra também tem TV, aliás várias TV's. Centenas - talvez milhares de canais - onde se tem de tudo. Realmente tudo. Ela não limitou nenhum, afinal eles devem saber como é o mundo real, e é melhor o filho de 15 aprender em casa do que na rua certas coisas... Se pensarmos que quase tudo que se vê na TV também se vê nos Tablet's, celulares e computadores da casa, concluímos que a casa da outra tem Mais TVs do que algumas cidades do nordeste.
O filho de 15 anos de Église, não quer mais ir à Igreja. Acha chata, monótona, e detesta os cantos e as coreografias que o grupo jovem da paróquia quer que ele faça. Ela lhe explica duas coisas: primeiro, ele tem que ir à Igreja. Depois ele não precisa ir naquela paróquia. Pode ir na vizinha, onde o padre também não gosta de coreografias e celebra a missa com mais brevidade.
Já a outra disse que coreografia é legal, mas se ele não quiser ir, tudo bem...
Se é possível perguntar isso, qual Église é mais mãe?
De qual você gostaria de ser filho?
Existem essas duas Églises.
Église, em francês - certamente você já sabe - quer dizer Igreja.
Por acaso, as duas são mães e seus filhos moram consigo.
Por acaso as duas são peritas criminais.
Por acaso as duas moram com um primo que nem tem sérios problemas...
Chamarei uma simplesmente de "Église", a outra Église chamarei apenas de "A outra".
Église, tem seus três filhos, não são trigêmeos, um tem 06, outro 10 e um adolescente de 15. A outra também.
Église considera a idade de cada um de seus filhos e preocupa-se com cada um deles de forma diferente, com quem se preocupa mais? Com os três, porque sabe que cada idade traz uma imensidão de preocupações próprias, o de 06, por exemplo, precisa compreender que o seu estojo não é o do coleguinha, por isso Eglise já até o deixou de castigo, quando chegou com uma canetinha que não era sua. O de 10 supõe ser um super-herói, e Église já lhe explicou que não é. Que não pode tudo. Que tem limites, por isso, mandou por tela de proteção nas janelas de seu apartamento, para que o filho de 10, pensando ser o super-man não se arrebente caindo de lá. Já com o de 15, Église exige saber a senha do celular para saber quem são seus amigos virtuais e que tipo de conversas ou conteúdos eles compartilham pelo WhatsApp.
A outra acredita que seus filhos serão capazes de descobrir por si mesmos tudo o que é certo e errado, e que não pode proibi-los ou castigá-los pelo trauma posterior que isso pode causar. Também crê ser um direito do filho de 15 ver o que bem entender mas com responsabilidade, responsabilidade essa que ela considera algo tão natural ao filho como a sua respiração.
Église, como já dissemos, é perita criminal. Às vezes precisa levar trabalho para casa, e tem em casa uma vasta biblioteca contendo histórias e figuras relacionadas aos mais variados crimes. Esses livros, elas os deixa nas prateleiras mais altas, para que os filhos não os vejam.
Já a outra, acredita que a criança desde o início deve ser formada pela realidade, então os deixa na mesa da sala, para que, se sentir o desejo, mas sempre responsável e maduramente, qualquer um de seus filhos possa ter acesso ao mesmo conteúdo.
Église protegeu as tomadas, guardou bem as facas, e pôs um filtro no único computador da família que fica na sala, para que nenhum de seus filhos possa vir a ser eletrocutado, cortado ou ver coisas impróprias, ou mesmo ser assediado pela internet.
Já a outra, acha que toda experiência é justa e válida. E que o choque, provavelmente não matará a criança, o corte, provavelmente será superficial, e a internet é um mundo maravilhoso, com certos problemas mas que deve ser sempre livremente explorado. Por isso, pôs um computador no quarto de cada um.
Há na casa de Église um certo horário para se assistir TV, e se há alguma apologia ao que Église considera como um valor de sua alma, imediatamente desliga a TV e conversa com os filhos sobre o quanto é errado o que a TV acabou de mostrar. Tá certo, que no final das contas Église só tem uns três ou quatro canais de TV, mas por outro lado descobriu no You Tube algumas séries legais do tempo em que era criança e vê com seus filhos que acham a maior graça.
Na outra também tem TV, aliás várias TV's. Centenas - talvez milhares de canais - onde se tem de tudo. Realmente tudo. Ela não limitou nenhum, afinal eles devem saber como é o mundo real, e é melhor o filho de 15 aprender em casa do que na rua certas coisas... Se pensarmos que quase tudo que se vê na TV também se vê nos Tablet's, celulares e computadores da casa, concluímos que a casa da outra tem Mais TVs do que algumas cidades do nordeste.
O filho de 15 anos de Église, não quer mais ir à Igreja. Acha chata, monótona, e detesta os cantos e as coreografias que o grupo jovem da paróquia quer que ele faça. Ela lhe explica duas coisas: primeiro, ele tem que ir à Igreja. Depois ele não precisa ir naquela paróquia. Pode ir na vizinha, onde o padre também não gosta de coreografias e celebra a missa com mais brevidade.
Já a outra disse que coreografia é legal, mas se ele não quiser ir, tudo bem...
Se é possível perguntar isso, qual Église é mais mãe?
De qual você gostaria de ser filho?
Existem essas duas Églises.
Église, em francês - certamente você já sabe - quer dizer Igreja.
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