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Mostrando postagens de dezembro, 2018

E O PRECEITO?

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Muita gente nesses dias pergunta sobre os preceitos dos dias santos e domingos. Enfim, como temos que entender isso? Vamos lá: 1. Todos os fiéis católicos têm o dever de ir à Santa Missa em todos os domingos e dias santificados. 2. No Brasil os dias santificados são: 1 de janeiro, Santa Maria, Mãe de Deus; Corpus Christi; 8 de dezembro, Imaculada Conceição e 25 de dezembro, dia de Natal. 3. Como todos os dias santos são solenidades, eles começam a ser celebrados a partir da tarde do dia anterior, com a oração das I Vésperas. 4. Também os domingos, são celebrados a partir da tarde dos sábados. 5. As Missas de sábado à tarde, cumprem o preceito dominical para aqueles que não poderiam participar da Missa no Domingo. Penso que ir à praia, não é justificativa... O dia do Senhor é o Domingo! 6. O mesmo vale para os dias santificados. 7. Muitas vezes o "tom" das celebrações é diferenciado nos dias santificados, como por exemplo, Missa da Vigília e Missa do Dia. 8. Por is

NOVIDADE

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Algo recorrente nesses dias de Natal é a expressão "canto novo". O canto novo é exigido porque aconteceram coisas novas. Deus se fez homem, uma Virgem concebeu e deu à luz sem perder a sua integridade virginal, anjos cantaram junto com os homens. Canto Novo! Para S. Agostinho o canto novo é a vida nova do homem novo. Na proximidade do fim desse ano, digamos adeus à toda a velharia de pecado e comecemos a cantar-viver o canto-vida novos que esse Menino quer nos ensinar.

SANTOS INOCENTES

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Abrindo o cortejo do Rei Recém-nascido, celebramos hoje esses primogênitos do Reino que mostram de forma estupenda a graça de Deus. São mártires que não lutaram. São testemunhas que não falaram. Não eram capazes de dizer o próprio nome, e confessaram o Nome de Cristo. Não podiam empunhar armas, mas mesmo assim venceram a luta. É claro que essa vitória é do ponto de vista de Deus, não do nosso... São mortos por ordem de um tirano que temia perder o seu trono. Infeliz tirano! Tentava destruir o Único que lhe podia dar um trono para sempre. Fazia isso por um reino temporal que mesmo para ele não valia tanto... afinal anos mais tarde, seu filho estaria disposto a trocar metade do mesmo reino por um rebolado. Nós não fomos tão agraciados como os Meninos de Belém, precisamos lutar, empunhar armas, e lutar contra os ferozes Herodes carnais ou espirituais que não cessam de querer destruir o nosso Jesus. Ora, até uma criança é capaz de vencer... Só precisa, como nós, da graça de De

ORAÇÃO

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Senhor, vim apenas lhe dizer que não creio mais no Senhor. Não creio por causa do teu silêncio diante do mal. Não creio porque permitis que tantos que querem viver percam a sua vida, e tantos que não querem mais viver são obrigados a continuar vivendo. Não creio porque não atendes minha oração. Penso que nem deves estar ouvindo essa. Não creio porque pareces queres arrancar de mim, tudo o que um dia me destes. Não creio porque não vejo mais mares abertos, nem mortos revivendo. Não creio. Decido não crer. Serei mais livre se não crer. Só não sei se terei esperança. Mas as que tive me fizeram tão mal que deve ser melhor não tê-las. Senhor, não creio. Não sei nem porque ainda falo, se não creio. Talvez seja porque ainda te ame, mas não sei por quanto tempo. Não é facil, beijar a mãe que nos bate. Então, será assim: Não crerei, não esperarei. Amarei só. Mas não sei por quanto tempo. Porque são fracos demais esses om

O AMADO

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Celebramos hoje a festa de S. João Evangelista, aquele que mais de perto vislumbrou os mistérios do Verbo que se fez carne e habitou entre nós. Único dos Apóstolos a não morrer mártir, passou pela experiência do martírio sendo lançado vivo numa caldeira de óleo fervente em Roma, mas saiu ileso. Sendo, por isso, o último dos Apóstolos a morrer, já centenário, não tendo mais forças para se manter em pé, era carregado de um lado ao outro repetindo apenas: "Amai-vos uns aos outros". Quando olhamos para João, e o vemos como "o discípulo amado", talvez tenhamos uma certa "inveja", pensando na predileção de Jesus por ele. Mas talvez não pensamos que o "problema" não estivesse em Jesus, mas em João. Não é que Jesus amasse mais a João. Era João que se deixava amar mais por Jesus. Usemos uma comparação simples: uma caixa de água de mil litros e um dedal, debaixo de uma forte chuva podem ser ambos enchidos, mas não na mesma quantidade. Assim, o Senho

ESTÊVÃO

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Um processo injusto e sumário, acusação de blasfêmia, posto para fora da cidade, enquanto é morto perdoa os inimigos, morre entregando o espírito. De quem estamos falando? De Jesus ou de Estêvão? De Jesus. E da vida e morte de Jesus que se repetem na vida e na morte de S. Estêvão. Para S. Lucas, autor dos Atos dos Apóstolos, S. Estêvão é discípulo de Jesus não apenas porque sabe o que Jesus falou, mas porque reproduziu na sua existência a própria existência de Jesus. A semelhança do cristão com Cristo não pode ser apenas fonética. Precisa ser na vida, e também na morte. Ontem nasceu o Menino que abriu os céus para que hoje Estêvão pudesse entrar. E num futuro também eu e você, se formos parecidos com Ele.

NÃO

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"Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam", assim ouvimos no prólogo do Evangelho de S. João. Assim como espécie de senha entre Deus e o homem, a história não se cansa de registrar esse sim/não. Deus sempre diz sim e o homem responde com o seu não. "Não havia lugar para eles" ouvimos na missa da noite de Natal. Aquele "não" não foi o primeiro... Começou em Adão e continua em nós. O Cristo que é sempre sim, se confronta constantemente com o não do ser humano. Mas há algo mais. Há algo por trás do sim de Deus e do não do homem. Por trás do sim de Deus está o amor. Deus é sempre sim, porque Deus é amor. Mas também por trás do não do ser humano, está o medo. Não dizemos não por crueldade (às vezes...) dizemos não por medo. O Papa Francisco assim refletia nessa noite santa:  " Belém é o remédio para o medo, porque lá, não obstante os «nãos» do homem, Deus diz para sempre «sim»: será para sempre Deus conosco." O encanto que o co

ENTREGAR, RESGATAR, PURIFICAR

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Quando falamos em nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, precisamos ter em mente que são dois nascimentos: um antes de todos os séculos, na eternidade, o Verbo nasce do Pai, como o conhecimento, a sabedoria do Pai. Nesse nascimento, o Verbo nasce consubstancial ao Pai, sendo Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro. Hoje celebramos o Seu nascimento segundo a carne, quando Ele nasceu da Virgem Maria, assumindo a nossa substância, a nossa natureza. E porque Nosso Senhor Jesus se fez homem? Na Missa da Noite de Natal, ouvimos um trecho da Carta de S. Paulo a Tito. No final do texto Paulo elenca três verbos que nos explicam a razão pela qual o Verbo se fez carne. "Ele se entregou por nós": O Verbo se fez carne para se entregar. Para dar essa mesma Carne, esse mesmo Sangue, recebidos de Maria, por cada um de nós. "Para nos resgatar de toda maldade": o resgate é o preço pago em troca de algo. Ele nos resgata sendo o seu Sangue a sua moed

EIS QUE VENHO

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Podemos imaginar 4 formas de passar o Natal. A primeira é a absoluta negação. Consciente ou inconsciente o dia do Natal não existe. O Natal não significa nada, não é nada. Por mais absurdo que possa parecer, há lugares onde o Evangelho não chegou e nem mesmo culturalmente há alguma referência ao Natal. E também há pessoas que por algumas razões, como traumas e decepções, simplesmente deixam de lado essa data. A segunda seria reduzir o Natal à uma celebração cultural. Talvez essa seja a mais comum. No nosso caso parece que celebramos uma festa cultural norte-americana. A decoração e tudo o mais nos remetem a um inverno que nem de longe se parece com nosso calor tropical... As músicas em inglês, o Papai Noel com roupas de inverno... tudo se torna uma celebração cultural de troca de presentes e desejos de coisas boas. A terceira seria muito comum entre nós cristãos: recordar o nascimento de Jesus. Olhamos o Menino no presépio, cantamos noite feliz e deixamo-nos levar por sentimentos

MAGNIFICAT

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No Santo Evangelho da Missa ouvimos o Cântico da Virgem Maria. Esse texto do Evangelho foi precedido pela figura de Ana, mãe do profeta Samuel. Assim, nos é possível compreender Nossa Senhora como o compêndio de todas as virtudes e que as Santas Mulheres da Sagrada Escritura, cada uma a seu modo, prefigura a grandeza de Maria Santíssima. Ana, em sua oração, prefigura a perfeitíssima alma orante de Nossa Senhora. Ana que pede a Deus o dom de ter um filho e o oferece ao Senhor, recorda a Santíssima Virgem, que mesmo tendo aberto mão da maternidade pelo seu voto de virgindade, é a Virgem oferente que consagra o seu Filho unicamente ao serviço do Senhor. O cântico de Ana ouvido no Salmo Responsorial da Missa é refletido no Magnificat de Nossa Senhora, não apenas como uma nova versão, como gostariam alguns teólogos modernos, mas como transbordar da oração da Virgem Maria. No Magnificat a Virgem reza deixando seu coração transbordar, reconhece a Deus como o autor de todas as maravilhas

MÃE DO MEU SENHOR

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Nos Evangelhos, chamados "da infância", em S. Mateus e S. Lucas, Nossa Senhora sempre é apresentada em profunda relação com o Espírito Santo. No Santo Evangelho de hoje, é o Espírito Santo que enche S. Isabel e a faz exclamar os louvores de Maria: "Bendita és tu entre as mulheres!", ao mesmo tempo, S. Isabel proclama Maria Santíssima como "Mãe do meu Senhor", essas palavras são de uma força intensa, porque "Senhor" é o título do Cristo Ressuscitado, do Senhor do tempo e da eternidade, do Rei da vida, vencedor da morte. Assim, a exaltação de Maria, leva a exaltação do Kyrios, do Senhor. O Cura de Ars gostava de se referir à Maria como obra prima de Deus. Gosto de imaginar um artista que passa incógnito numa exposição de suas obras. E vai ouvindo os elogios do público: a perfeição de suas formas, a beleza de suas cores etc. No fundo o elogio à obra é a proclamação da capacidade do artista. Assim como o quadro não se fez sozinho, mas reflete

PERTURBAÇÃO

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No Evangelho da Missa desse dia 20 de dezembro ouvimos o texto da Anunciação a Nossa Senhora. São Lucas relata que após ser saudada pelo Anjo, Nossa Senhora se perturba. Essa perturbação de Nossa Senhora se deve a três motivos. Maria Santíssima se perturba em primeiro lugar por amor ao silêncio. O que fazia Nossa Senhora no momento da Anunciação não sabemos, comumente é representada em oração. Mas o que sabemos é que a Santíssima Virgem é a Senhora do Silêncio, e que só por estar em silêncio pode ouvir a voz do Arcanjo. O seu silêncio interior e certamente exterior é quebrado pela voz do Arcanjo, daí, como primeira atitude Ela se perturba. A Virgem Maria se perturba também pelo conteúdo da mensagem. Num primeiro momento o Arcanjo não a chama com o nome de Maria, mas troca o seu nome por Cheia de Graça. O conteúdo da mensagem a perturba por duas razões: modéstia e humildade. A pessoa modesta ao receber um elogio, ainda que saiba ser verdadeiro, se perturba pelo elogio. Ao ser cha

CERTEZA?

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Ouvimos no Santo Evangelho o anúncio do nascimento de S. João Batista, consagrado o maior de todos os profetas. O Evangelista S. Lucas nos põem quase que em paralelo os dois anúncios: o do nascimento do Precursor e o de Nosso Senhor. Nesses anúncios há duas perguntas muito parecidas. Começando pelo de Nosso Senhor, ali, Nossa Senhora pergunta a S. Gabriel: "Como acontecerá isso?..." No de S. João Batista, S. Zacarias pergunta: "Como terei certeza disso?" Se Maria Santíssima apenas o interroga o modo, Zacarias não interroga sobre o modo, mas exige certeza, deseja garantias. A garantia brota da dúvida. Quando não confiamos suficientemente no interlocutor é natural que peçamos garantias. Ao não crer na palavra de Deus vinda através do Arcanjo, é Zacarias que perde a fala. O que duvidamos de Deus, é o que acabamos por perder. Quando duvidamos de sua misericórdia, perdemos o seu perdão. Por isso, S. Bento exorta em sua regra: "Nunca desesperar da misericór

NÃO TEMAS!

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No Santo Evangelho de hoje, S. Mateus nos fala da justiça de S. José, uma justiça tão intensa que em algum momento a Santíssima Virgem pareceu não caber. José, sente que para ser fiel a Deus, precisa afastar-se de Maria. Diante dessa situação dolorosa, porque o coração de José tendia para Maria, Deus lhe ordena pelo Anjo não temer receber Maria: o que nela está é obra do Espírito Santo. Irmãos queridos, como eu gostaria de hoje poder dizer a todos os protestantes como disse o Anjo: "Não temam receber Maria; tudo nela é obra do Espírito Santo!" Os protestantes acham que na sua justiça, Nossa Senhora não cabe. Escutem como S. José o Anjo a dizer-lhes: "Não temam receber Maria; tudo nela é obra do Espírito Santo!" Maria nunca é um empecilho para Deus, ao contrário, ela é caminho para Ele! Toda a vida de Jesus se encontra entre dois pedidos de acolher Maria: no Evangelho de Mateus, diz o Anjo a S. José, antes de Jesus nascer; e no Evangelho de João, diz o próp

QUATORZE

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De Nosso Senhor encontramos duas genealogias um tanto quanto diferentes: em Mateus e em Lucas. Na de Lucas, as gerações retornam até a Adão, sendo este apontado como filho de Deus. Assim, S. Lucas nos aponta Jesus como Filho de Deus e irmão de todos os homens. Já S. Mateus retorna as gerações até Abraão e as divide em três grupos de quatorze. Dentre todos os evangelistas encontramos especialmente em S. Mateus a preocupação em apresentar Nosso Senhor como aquele que é o cumprimento de todas as profecias. Por isso, é importante retornar a Abraão, o pai do povo eleito, e de fazer especial referência a Davi, porque é em Nosso Senhor que se cumprem todas as promessas que Deus fez a Davi. O nome Davi, quando se tomam as letras hebraicas com seus valores numéricos e se somam, dão o número 14. Organizar em três grupos de 14 é um modo de dizer que Jesus é o novo Davi, e ao mesmo tempo maior do que ele. Jesus não será o sucessor de Davi. Davi é que foi uma humilde prefiguração de Nosso Se

ALEGRIA

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No Rito Tradicional as Missas são nomeadas pelas primeiras palavras do introito, assim por exemplo: Salve, Sancta Parens  é o nome de uma das Missas mais comuns de Nossa Senhora, Requiem  é o nome de uma das Missas dos mortos e, no caso de hoje, o intróito da missa de hoje começa com a palavra Gaudete. Gaudete semper in Domino...  Alegrai-vos sempre no Senhor. Em dois domingos no ano a Igreja traz de forma mais incisiva o tema da alegria. Curiosamente, são o III do Advento e o IV da Quaresma. Advento e Quaresma são tempos de espera, penitência e sobriedade. E justamente nesses tempos encontramos os domingos da alegria, porque a alegria cristã deve ser marcada pela espera, pela penitência e pela sobriedade. A alegria cristã é marcada pela espera, porque toda alegria dessa vida é um fugaz reflexo da alegria do céu. Todas as alegrias dessa vida devem nos recordar da alegria do céu. Concretamente, a alegria do advento é a alegria da esperança. Expectantes beatam spem,  esperando a

O QUE QUISERAM

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"Fizeram com ele o que quiseram". Assim se referiu Nosso Senhor a S. João Batista. Fizeram o que quiseram... Quando Nosso Senhor foi apresentado ao Templo, Simeão disse que o Menino seria um sinal de contradição. Essa contradição acompanha todos aqueles que colocaram a sua vida sob o sinal do Cordeiro de Deus. Há uma contradição comum, a qual estamos mais acostumados que é aquela que se produz entre um mundo que despreza a Deus e aqueles que o acolhem em seus corações. Mas há uma segunda contradição que Santa Teresa chamava com o nome de "contradição dos bons"; nela "pessoas boas" se voltam contra aqueles que querem ser fiéis a Deus e "fazem com eles o que quiserem..." Um S. João da Cruz encarcerado por seus confrades, um S. João Bosco mandado ao hospício por colegas padres, um S. João Maria Vianney que tem um abaixo assinado de padres para ser expulso de sua paróquia, um São Pio com 20 anos de restrições em seu ministério sacerdotal graç

AFINAL...

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No Santo Evangelho de hoje Nosso Senhor fala da capacidade daqueles que conviveram com Ele em nunca estar satisfeitos e a buscar defeitos nos enviados de Deus. Desse modo, João Batista, o maior dos nascidos de mulher, o asceta, o amigo do ermo, para eles era um possesso. E Jesus, Perfeito Deus e Perfeito Homem, Deus encarnado, era um comilão e beberrão, amigo de pecadores. Quando começamos a ver problemas demais, talvez o problema seja nós mesmos. A busca dos problemas alheios nos ajuda a não ver os nossos e se são problemas de pessoas que exercem alguma autoridade sobre nós, eles se tornam ainda uma desculpa para não mudarmos de vida. Nosso Senhor, Perfeitíssimo e João Batista, nascido sem pecado, não eram o que os outros diziam. Talvez aqueles que convivam conosco tenham os seus defeitos, mais graves ou menos graves, mas eles jamais podem nos impedir de buscar a perfeição a qual Nosso Senhor nos chama. Não podemos chegar atrasados ao trabalho só porque o patrão també

VIOLÊNCIA

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No Santo Evangelho de hoje Nosso Senhor elogia João Batista e fala que o Reino dos Céus é dos que forem violentos. Essa violência não será de uns contra os outros, mas de si para si mesmo. Ou não é violência perdoar? Deixar o melhor para os outros? Calar na hora da raiva? Sim, quem consegue fazer isso é uma pessoa violenta. Violenta consigo mesma, e por isso boa para com Deus e para com o outro. Não somos ruins, ou inimigos de nós mesmos. Só não somos confiáveis. Quando confiamos demais em nós mesmos, acabamos por colocar-nos num altar e nos tornamos a referência do universo. A imagem do Batista: sua sinceridade, seu zelo, sua mortificação se apresentam a nós como sadia violência que é capaz de nos dar o céu.

LA GUADALUPANA...

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Hoje não pode faltar esse canto... que saudades...

PRESENÇA

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Celebramos a festa de Santa Maria, Sempre Virgem de Guadalupe, Imperatriz das Américas. Junto aquela tilma onde milagrosamente apareceu a imagem de Nossa Senhora havia escrito na Basílica uma frase do Sl 147: não fez tal coisa com outra nação: non fecit taliter omni nationi. Deus mostrou uma predileção pelo México e por toda América Latina ao nos dar essa garantia da presença de sua Mãe Santíssima entre nós. Não somos apenas um povo sofrido, somos a junção de muitos povos sofridos: índios, africanos, europeus, americanos cada um a seu modo experimentou a dor, a doença, a solidão, a injustica. É verdade que em alguns momentos um foi a causa de sofrimento do outro, mas todos se tornaram prediletos de Deus pela pobreza e pelo abandono. Um abandono quebrado pela presença de Maria: "Não estou aqui eu, que sou tua Mãe?" A presença de Maria é palpável na tilma de S. Juan Diego. Mas não é uma presença de fora. Maria não se fez representar como uma nobre senhora da corte europ

CEM

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No Evangelho da Missa de hoje, Nosso Senhor conta a parábola do homem que deixa noventa e nove para buscar uma que se perdeu. Ele não faz isso tanto pela simpatia que sentiria pela ovelha, mas por que ela lhe custa. Cada ovelha custa. Seja comprada, seja nascida no rebanho cada ovelha tem o seu valor e perder uma ovelha é perder esse valor. Muitas vezes imaginamos o pastor com saudade da ovelhinha, mas aqui há algo muito mais concreto e prático. Nós também necessitamos redescobrir o valor de cada pessoa. Cada um de nós vale o Sangue de Cristo. Não nos imaginamos pegando o cálice da missa e derramando-o no chão, mas deixamos perder esse mesmo sangue, deixando perder nossos irmãos. Talvez nos desculpemos dizendo que ainda somos muitos, ou que não podemos obrigar ninguém, ou que quem for de Deus ficará firme... Mas de cem, precisamos cuidar dos cem. Quantas vezes em nossas comunidades as ausências deixaram de ser sentidas... É o Sangue que se perde.

FORTALECEI

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Na leitura da Missa de hoje ouvimos o profeta Isaías anunciando ao povo todas as maravilhas que Deus irá realizar em favor do seu povo. Todavia, Isaías recorda a necessidade de se manter a força, de não se desanimar. Esperar não é fácil. E a tentação do desânimo ronda aquele que deve esperar. Se ao mesmo tempo temos o Senhor entre nós, sabemos que a plenitude do seu Reino ainda não se concretizou. E essa plenitude esperada é a nossa caminhada nesse mundo. Jamais nos decepcionaremos. O Senhor não mente. Mas é necessário esperar. Portanto, força!

TERNURA

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Na segunda leitura da Missa de hoje, o Apóstolo nos fala da ternura de Cristo Jesus que ele sente por todos os cristãos, e, ao mesmo tempo, o Apóstolo fala de que à medida em que o amor crescer entre eles, crescerão também a santidade e a pureza para o dia de Cristo. Crescer em ternura e amor se torna um desafio num mundo onde estranhamente falamos com várias pessoas ao mesmo tempo (pessoalmente, skype, whatssap, e-mail, sms além de várias redes sociais...) mas não conversamos com ninguém. A quantidade, nesse caso, se torna inimiga da qualidade e leva à uma superficialidade dolorosa. Amor, carinho, e ternura não se tem pela multidão ou pelo grupo, mas pela pessoa, cada pessoa. Precisamos redescobrir esse caminho. Nossas Igrejas às vezes estão cheias, mas nossos corações vazios. Um caminho de ternura que me parece exemplar é a recomendação de S. Francisco a que os frades se amassem como mães uns dos outros. A mãe tem isso, mesmo que tenha mais de um filho, os ama inteir

EVA

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Ao fim da primeira leitura, Adão deu à mulher o nome Eva, por que "é a mãe de todos os viventes". Sim todos nós nascemos de Eva. Somos filhos de Eva e por isso, nascemos no pecado, privados da graça de Deus e condenados à uma vida dura cujo final será a morte. Por Eva nascemos para isso. Mas se Adão deu à Mulher o nome de Eva, o novo Adão deu à nova Eva o nome de Mulher. É assim que, no Evangelho de João, Nosso Senhor chama Nossa Senhora. Se na primeira leitura os primeiros pais se escondem de Deus, no Evangelho a nova Eva não só não se esconde, como se põe inteiramente nas mãos de Deus. Se Adão e Eva quiseram ser como deuses, Maria, obra-prima de Deus, só quis ser serva. O Santo Cura de Ars certa vez disse que Deus se compraz em olhar Nossa Senhora como o artista olha para sua obra prima. Recordo-me de Michelangelo que ficou tão maravilhado ao terminar o seu "Moisés" que lhe bateu com o martelo no joelho e disse: "Fala!" Hoje, Nosso Senhor, ol

NÃO!

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Celebramos hoje a memória de S. Ambrósio, Bispo e Doutor da Igreja. Seu zelo pela liturgia, sua doutrina segura, sua santidade de vida e tantas outras virtudes poderiam ser elencadas nessa comemoração; mas gostaria de salientar um fato, certamente não é o mais importante, mas é de um grande simbolismo e atualidade. O Imperador Teodósio foi um grandíssimo benfeitor da Igreja, na verdade, foi ele quem fez do cristianismo a religião oficial do Império (o que muitos equivocadamente atribuem a Constantino) e ainda proibiu os símbolos dos deuses pagãos por todo Império. Todavia, esse mesmo Imperador para vingar-se de uma revolta em Tessalônica ordenou um verdadeiro massacre. Algum tempo depois, com o grande aparato de costume, o imperador se dirige à Igreja para assistir a liturgia celebrada por Ambrósio. O Bispo fecha as portas do Templo, proíbe a entrada do imperador, e lhe ordena fazer penitência pública. Ambrósio o fez não por raiva do imperador, mas por um duplo amor: à Igreja q

ROCHEDO

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Nas leituras de hoje em vários momentos ouvimos falar do rochedo, do muro, da segurança, da proteção... Para nós tudo isso é o Senhor. O Senhor é a pedra rejeitada, é a pedra ferida da qual manou sangue e água. Suas chagas são para nós fendas no rochedo onde podemos como os pássaros encontrar morada. Mete-te nas chagas de Jesus!, aconselhava um santo. Encontremos nele um refúgio nas tempestades da vida.

ABUNDÂNCIA

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Na quarta-feira da I Semana do Advento algo que percebemos nas leituras da Santa Missa é a abundância. A ação de Deus não se limita ao mínimo essencial, mas vai além do necessário, chegando ao abundante. Assim o grande banquete profetizado por Isaías e a realização da profecia na multiplicação dos pães. Essa abundância não é uma realidade futura, mas atual. O Senhor não nos dará tudo. Ele nos dá tudo. Agora. Assim a sua Palavra, os Sacramentos, máxime a Santíssima Eucaristia, a Santa Doutrina... são a abundância dos dons de Deus. É claro que como filhos mimados sempre queremos mais... talvez para nós o fim de uma gripe seja mais importante que o Corpo e Sangue de Cristo na Santa Comunhão.... Mas não podemos nos esquecer que Deus já nos deu tudo, e abundantemente, no Seu Filho Jesus.

RECONCILIAÇÃO

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O profeta Isaías ao falar do Reino do Messias nos fala de um reino de reconciliação universal: não só um reino de paz entre as pessoas, onde os instrumentos de guerra se tornam utensílios agrícolas, mas uma paz também entre os animais, onde o leão comerá feno com o boi, o urso e a vaca pastarão juntos, lobo e cordeiro descansam juntos... A reconciliação é o estandarte do Reino de Cristo, é o seu sinal. Onde não há reconciliação, não há paz e ali é reduto do diabo, não reino de Cristo. Quem queira viver de fato a reconciliação certamente perceberá que se trata de um projeto para toda a vida, ou mesmo para além da vida... Nada grande se constrói rápido. Nada maior do que ser reconciliado. Há alguns anos alguém me perguntou: "Se o senhor fosse definir S. Francisco (de Assis), que palavra o Senhor usaria?" Sem pensar muito respondi: "Reconciliado". Ao ter os pássaros vindo ao seu encontro, ou amansando o lobo de Gubbio, Francisco apresenta aquela reconciliação

JERUSALÉM

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No Salmo da Missa de hoje ouvimos a alegria daqueles que sobem à Jerusalém: "Que alegria quando me disseram: vamos à casa do Senhor!" Esse é o valor de Jerusalém: ser morada do Senhor. Jerusalém é Santa porque é o local que Deus escolheu para morar. O judaísmo traz isso de forma muito forte: Jerusalém é o local do encontro com Deus. Esse é o seu valor. Para cada cristão, Jerusalém é seu próprio coração. O cântico de Moisés nos traz uma imagem muito bonita: " lugar que preparastes para vossa habitação, no Santuário construído pelas vossas próprias mãos, o Senhor há de reinar eternamente pelos séculos" Como recordava Santa Catarina, entremos na cela de nosso próprio coração e encontremos ali aquele que nem o antigo templo, com toda a sua grandeza, poderia abarcar.

ORVALHAI

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Iniciando hoje o Tempo do Advento, gostaria de meditar com vocês de uma forma muito breve e por isso certamente incompleta, um canto próprio para este tempo: Rorate. Se você me permite uma sugestão, pare agora um pouco e escute acompanhando a tradução abaixo: D erramai, ó céus, o vosso orvalho do alto, e as nuvens chovam o Justo Não vos ireis, Senhor, nem vos lembreis da iniquidade. Eis que a cidade do Santuário ficou deserta: Sião tornou-se deserta; Jerusalém está desolada. A casa da vossa santificação e da vossa glória, Onde os nossos pais vos louvaram P ecamos e nos tornamos como os imundos, E caímos, todos, como folhas. E as nossas iniquidades, como um vento, nos dispersaram. Escondestes de nós o vosso rosto E nos esmagastes pela mão das nossas iniquidades Olhai, ó Senhor, para a aflição do vosso povo, E enviai Aquele que estais para enviar! Enviai o Cordeiro dominador da terra Da pedra do deserto ao monte da filha de Sião Para que Ele retire o jugo do nosso cativeiro    

PREOCUPAÇÕES

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No último dia do tempo comum, já às vésperas de um novo ano litúrgico, o Senhor nos alertou sobre três coisas que podem nos tornar insensíveis: gula, embriaguez e preocupação. É muito importante considerarmos como o Senhor elenca essas três coisas, onde com certeza percebemos uma relação de proximidade entre as duas primeiras. Comer e beber de mais nos dá sono, nos deixa "moles"... Quanto a isso, ninguém nega. Mas e as preocupações? Jesus as coloca junto com a gula e a embriaguez, porque se essas nos tiram fisicamente da realidade (quantos necessitam dormir após uma refeição...) a preocupação nos deixa apenas de "corpo presente". O preocupado é, em resumo, aquele que consegue  estar ausente em dois lugares ao mesmo tempo. O preocupado é aquele que não está no local em que está seu corpo, porque com a mente está em outro lugar em que também não consegue resolver nada... Não vivemos sem preocupações, como também não vivemos sem comida e bebida. Da mesma forma