Postagens

Mostrando postagens de setembro, 2021

EXAME

Imagem
   -"Eu não gosto de fazer exames?" - "Por que?" - "Porque eu estou bem, faço exame e acabam inventando um monte de doença para mim!" Não sei se vocês já ouviram esse tipo de conversa. Eu já ouvi várias vezes. Todavia, nem a doença é inventada, nem foi o exame que deixou a pessoa doente. Mas o exame revelou que naquele organismo aparentemente saudável há situações que precisam ser cuidadas e quanto mais cedo cuidadas, melhor as chances de recuperação. Não é muito diferente na alma. E, se examinamos nossos corpos com certa frequência (ou deveríamos fazer...), corpo que se desfará depois de nossa morte, quanto mais a nossa alma que é imortal deve ser examinada, e, sendo mais nobre, necessita de um exame diário. Esse é o exame de consciência. O texto do Evangelho de hoje é um dos vários textos que podem servir para um exame de consciência. Nele, Nosso Senhor nos traz várias sentenças que marcam a vida dos cristãos. São frases que, honestamente, nos trazem um

BOTÃO

Imagem
  Santa Maria "Bambina" - Milão Quando o calendário litúrgico da Santa Igreja foi tomando a sua forma, muitas coisas influenciaram as festas e os tempos que celebramos. Havia a preocupação de retirar ou de dar novo sentido a comemorações supersticiosas e pagãs e assim, a Igreja desvelou-se em acompanhar os ritmos do tempo e mesmo da natureza, para que os fiéis, sobretudo os mais ligados ao campo, não tivessem a tentação de recorrer às práticas pagãs, mas encontrassem simbolizados nas sagradas celebrações aqueles elementos que tanto marcavam as suas vidas. Com a descoberta da América e, ao mesmo tempo, com a cristianização de um hemisfério cujas estações e tempos tanto diferiam do Norte, pode parecer que há um desacerto dessa compreensão primitiva, e não faltou quem julgasse a necessidade de que, por essas terras, houvesse outro calendário. Mas, na verdade não há essa necessidade, e a Providência não deixou de nos dar sinais nos quais a liturgia e a vida cotidiana dos fiéis se

TORNOU

Imagem
  Na lista dos Apóstolos que o Evangelho de hoje nos traz, há em relação a alguns uma breve explicação, e quando se refere ao último, Judas, S. Lucas diz "aquele que se tornou o traidor".  Nessa frase, e conhecendo os Santos Evangelhos, particularmente S. João, não é difícil perceber que a traição de Judas não se deu num momento único e preciso. Mas que foi um processo não muito lento, no qual coleciona-se, em resumo, uma série de insatisfações de Judas para com Nosso Senhor. De fato, há em Judas, e em cada traidor, um "tornar-se".  O inimigo não trai. Só quem foi amigo, pode tornar-se traidor. Na última vez que se dirige a Judas, Jesus usará a palavra amigo, essa palavra é uma sentença sobre a cabeça de Judas, é o atestado de sua traição. Mas nenhuma traição é instantânea, a traição é como um fruto que outrora maduro perde a sua louçania, e por isso se torna velho e podre. Judas tornou-se traidor. Que vigilância essa afirmação não impõe que tenhamos sobre nós mesmo

PERMITIDO

Imagem
  O que é permitido fazer? Com essa pergunta Nosso Senhor confronta os mestres da Lei e os fariseus que O observavam e julgavam para saber se faria ou não um milagre num dia de sábado. O milagre, porém, não é uma manifestação gratuita de poder. Em Jesus, podemos afirmar, o milagre é simplesmente um bem acontecido de modo extraordinário. As curas, ressurreições, multiplicações eram apenas o modo sem limites de Jesus de consolar e confortar o seu povo, ao mesmo tempo que serviam para confirmar na fé de modo particular os apóstolos. Mas, o mesmo milagre que trazia alegria ao povo - que não necessariamente passaria por uma conversão profunda como darão testemunho os gritos da Sexta-feira Santa, e que deveria para confirmar na fé os apóstolos que, nesse mesmo tempo, estarão sem fé e escondidos, parecem ser cem por cento eficazes numa única coisa: despertar a ira dos judeus contra o Senhor. O povo ora aclama, ora rejeita. Os apóstolos ora crêem, ora fogem. Mas os mestres da Lei e fariseus sã

TODAS

Imagem
  O Santo Evangelho nos diz sobre Nosso Senhor Jesus Cristo algo que deve ser um desejo de todo o cristão: "Ele fez bem todas as coisas!". Fazer bem a maioria das coisas, qualquer um o pode fazer, mas fazer bem todas as coisas só quem ama consegue fazer. Justamente por isso, quando alguém faz bem uma coisa dizemos que a pessoa agiu diligentemente, a virtude da diligência que é fazer bem o que lhe é confiado, tem a mesma raiz do verbo diligere, que quer dizer amar, em latim. Quanto mais amor, não sentimento, mas virtude da caridade, uma pessoa possui em seu coração, tanto menos é impossível para uma pessoa não buscar doar-se a si mesma naquilo que faz, portanto faz, apesar de suas próprias limitações. A diligência não é a virtude de fazer bem aquilo que amamos, mas de fazer bem por causa de quem amamos, que em última instância será sempre Deus. Nessa perspectiva, toda a vida do cristão, se torna como a oração que conclui o cânon: Por Ele, com Ele e n'Ele. 

VILEZA

Imagem
  Não demorou muito tempo para que os fariseus percebessem que com Nosso Senhor não conseguiriam nada. Ao contrário, cada vez que tentavam pôr Jesus numa situação difícil, eram eles que acabavam mal... Se com Jesus não conseguem satisfazer seu sadismo hipócrita, os fariseus que deviam estar escondidos entre alguns feixes de trigo, imediatamente "atacam" os discípulos: "Por que fazeis o que não é permitido?" Assim fazem os maus, os vis, não querem respostas às suas questões, querem enfraquecer na fé os fracos. Se aproveitam de seu desconhecimento ou mesmo de seu medo de opôr-se às ideias únicas, para os enfraquecer e confundir. Mas tal como no Evangelho, Nosso Senhor vêm em socorro dos seus discípulos, e a cada maldade, responde com a bondade da fé. Nem sempre os pobres discípulos sentirão esse amparo, como nem sempre temos vento para sentir o ar, mas nunca nos esqueçamos que o nosso auxílio está no nome do Senhor que fez o céu e a terra. Ao mesmo tempo, cada um busq

EXTRA!

Imagem
 Extra! Extra! Padre contrata prostitutas para dançarem nuas diante de mosteiro! Extra! Extra! Não foi exatamente com essas palavras, particularmente os "extras", mas quem nos dá essa notícia é ninguém menos que o Santo cuja festa celebramos hoje: S. Gregório Magno. Num momento de terrível crise na Itália e em boa parte da Europa, os fiéis acabaram caindo num desânimo que os fazia deixar de lutar pela virtude, pela santidade. A grande tentação era de que os tempos antigos tinham sido melhores ou que os tempos futuros seriam melhores, e, nessa consideração do passado e do futuro, muitos fiéis se esqueciam do que séculos mais tarde diria a Pequena Grande, Santa Teresinha do Menino Jesus: "Para amar-te, oh meu Deus, não tenho nada mais que hoje..." S. Gregório então escreve dois livros, nos quais ele está em diálogo (esse será o nome do livro) conversando com um diácono, o Papa conta a vida dos Santos que os precederam. O segundo livro será dedicado exclusivamente a S.

RECOMEÇOS

Imagem
  Na Santa Igreja é muito comum encontrarmos tempos de preparação, de penitência, de oração... Uns fazem parte da liturgia outros são parte das devoções do povo cristão, dentre esses as novenas e, como estamos nesses tempos, a quaresma de S. Miguel. Geralmente consideramos que nesses tempos somos chamados a perseverar durante tantos dias com as mesmas práticas de piedade e, muitas vezes, julgamos que, a não perseverança num dia joga tudo fora e como que "quebramos" a oração. Essa mentalidade não é católica. Para o católico, a perseverança não é nunca deixar de fazer, mas é, na maioria das vezes, tornar a fazer o que se começou e por fraqueza, preguiça, falta de ordem... se deixou. Muitas vezes começamos muito animados. Animados demais... E nos comprometemos a fazer coisas que podem ser possíveis por um tempo, mas não muito tempo... Esquecemos que é melhor um pouco todo dia do que um muito raramente. Esses tempos, nos mostram nossas inconstâncias, nossas imprudências e até mes

CADA

Imagem
  Nas obras de apostolado, muitas vezes, surge uma pergunta que poderíamos resumir assim: "Todos ou cada?". Se buscarmos no Evangelho veremos a resposta mais satisfatória: as intenções de Nosso Senhor são sempre sobre todos, mas as suas ações sobre cada um. O Senhor compreende que não se ama massas, massas só servem para serem manipuladas, o desejo de salvação do Senhor é extensivo a todos, mas o seu toque, as suas mãos repousam sobre cada um. Ter um coração universal, um peito grande, como dizia Santa Teresa, não é desejo de se tornar uma celebridade. Esse coração universal traz necessariamente a compreensão de que o cuidado deve ser pessoal. O toque sobre cada um que o Evangelho nos recorda é justamente esse ensinamento. A cada um, um toque.  Assim faziam os Santos. Quantos horas após cada pregação dedicavam-se às confissões um Santo Antônio ou um Santo Afonso de Ligório. Infelizmente na nossa imaginação vemos apenas os grandes pregadores que arrebatavam multidões e faziam